A confusão que se instalou na Caixa Geral de Depósitos com as nomeações para administradores pôs em segundo plano a questão do reequilíbrio das finanças do banco. Entretanto hoje o jornal i traz uma notícia extremamente interessante sobre as acumulações de cargos que se verificam entre as chefias de outros bancos, sem que as respectivas entidades reguladoras se tenham pronunciado publicamente até à data. O facto é que enquanto discutimos que vai mandar e que fica de fora, os problemas essenciais não são tratados. Os problemas com os créditos mal parados, o próprio número absurdo de administradores, outras maneiras de malbaratar o dinheiro de todos nós, continuam assim a ser arrastados. E no fim, os problemas com os bancos portugueses, o público e os privados, são sempre encaminhados para a mesma solução: o contribuinte vai pagar. A acumulação de cargos deve ser proibida, é perfeitamente evidente por razões básicas. Um banco, público ou privado, não pode ter administradores para ornamento ou para satisfazer acordos políticos, ou de outra natureza que não digam respeito estritamente ao serviço da instituição e dos seus depositantes. Senão, lá se vai o equilíbrio financeiro. E como pode um administrador de um banco ter a atenção dividida por outros lados? É espantoso ter de se dizer isto.
Existe actualmente um Mecanismo de Supervisão Bancária (MSB) que inclui o BCE e as autoridades reguladoras dos vários países (por exemplo, o Banco de Portugal). Se clicarem no terceiro link abaixo podem aceder a uma nota do BCE explicando sumariamente como funciona. É fácil perceber o grande peso do BCE no MSB. Entretanto uma questão fulcral que nem o BCE, nem as autoridades reguladoras dos vários países, nem o MSB, conseguem superar é o estado da economia da União Europeia (UE), e ainda menos os desequilíbrios entre os vários países aderentes, desequilíbrio esse que afecta os esforços de união bancária. Os que ainda não consideram a UE como uma quimera completa poderão clicar no segundo link e ler o que Joseph Stiglitz diz sobre reformas urgentes para salvar o euro e a própria UE. Seja permitido num editorial fazer esta pergunta: será que ele ainda acredita nisso?
https://www.theguardian.com/business/2016/aug/22/seven-changes-needed-to-save-the-euro-and-the-eu
https://www.bankingsupervision.europa.eu/about/thessm/html/index.pt.html
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